terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Trauma de infância

Quando eu era pequeno, aconteceu um episódio que marcaria a minha vida de diversas maneiras, de um jeito tal que iria me perseguir pelo resto dos meus dias.

Uma vez, estava assistindo televisão, devia ter uns seis ou sete anos. Era um pequeno rapaz, acostumado com o rosto de pessoas que não conhecia pessoalmente, mas que eram meus companheiros nas tardes e noites de chuva mais grossa (de manhã, era aula). Sabia de cor os nomes de vários artistas de TV: Miele, Jô Soares, Lima Duarte, Walter Avancini... Mas nunca consegui distinguir o Mário Lago e o Paulo Autran. Nunca. Sempre que aparecia um dos dois na caixa colorida, vinha-me a dúvida: "Será que é o Mário Lago ou o Paulo Autran?".

Assim minha mente cresceu confundida. Qual dos dois era o Paulo Autran? E essa dúvida manteve-se em minha mente até 2002. O pai de Amélia tinha enfisema pulmonar. Veio a falecer, sanando momentaneamente minha cabeça cheia de dúvidas.

Agora era simples: Quando a imagem aparecesse em velocidade normal, era o Paulo Autran. Quando a imagem aparecesse em câmera lenta, com música de fundo, ou ainda quando a imagem aparecesse no Globo Repórter, era o Mário Lago. Durante alguns anos, vivi em paz com minha consciência, por saber diferenciar os dois.

Infelizmente, ano passado faleceu Paulo Autran. Agora as duas imagens aparecem em câmera lenta, com uma música de piano do Richard Clayderman de fundo. Velhos traumas sempre nos assombrarão.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

sábado, 26 de janeiro de 2008

Tá selado!


O Paralelo tá selado... Culpa do Nando! Aff...

E como o Lelo sempre diz, não vamos repassar pra ninguém pra não dar confiança!

Ah, mas peraí... vamos sim, ora bolas!!! Lembrei que tem outro alienígena na blogosfera... Pega o selo aí Jotta, chupa essa manga!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Montebelo é Rei

"Amigo é igual parafuso, a gente só sabe que é bom na hora do aperto!"

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Da série "Coisas que não querem que você saiba"



Obs.: A imagem não está em escala.

A seita

Após um longo repouso, o gigante desperta, furioso!
Aí vai o texto de hoje:

Há muito tempo atrás, existia uma seita secreta. Pouco se sabia sobre ela, pois era secreta, e sua natureza a impedia de ser conhecida. A seita, secreta, era como toda seita secreta: Possuía ritos de iniciação, ritos de abertura de trabalhos, ritos de finalização de trabalhos, ritos de tomar uísque depois que os ritos acabavam, etc.

Não se sabe o nome dessa seita secreta. Somente os membros da seita secreta sabiam - e poderiam pronunciar - o nome da seita. Como este que vos fala não era um membro da seita, não sabe - logo, não pode pronunciar - o nome da seita.

A seita possuía membros distintos da sociedade. O prefeito parecia fazer parte da seita, mas ninguém tinha certeza, a não ser outros membros da seita. Ninguém nunca tinha visto um membro da seita, ou, se tinha, não sabia que o mesmo era um dos membros da seita. Os que pertenciam à seita sabiam quem eram os membros, mas eram obrigados a esconder suas identidades, sob pena de deixarem de fazer parte da seita.

Muito se falava sobre a seita; diziam que era coisa do demo, que eles molestavam e sacrificavam crianças, que imolavam animais, que dominavam o mundo por debaixo dos panos. Mas a verdade é que ninguém sabia o que se passava dentro dos muros daquela casa. Até porque ninguém nunca soube onde esta casa ficava, nem mesmo se havia realmente uma casa. No entanto, alguns poucos relatavam entrar em casa estranha, e logo após, perder completamente a memória. Certamente, os membros da seita sabiam como fazer isso.

Hoje em dia, não se sabe se essa seita ainda existe. É provável que exista, e que um dos leitores seja membro dela, mas nunca será descoberto. É provável que a revelação de que a seita ainda possa existir cause comoção pública, a ponto de todos quererem descobrir onde fica a sede desta seita.

Todos, sem exceção, querem fazer parte desta seita. Talvez pelos ritos de iniciação, talvez pelas verdades que só membros da seita têm acesso. Mas muito provavelmente, neguinho tá de olho é naquele uísque depois das reuniões. 12 anos, envelhecido em tonéis de carvalho. Ou seria um 18 anos, envelhecido em tonéis de acácia? Nunca saberemos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Plano Bondinho

Finalmente concluímos o plano Bondinho, arquitetado por Lelo e por mim. Muito obrigado a todos que ajudaram!




Preparem-se agora pro Plano Himalaia. Será mais difícil, mas contamos com vocês. Até lá!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

José queria ser presidente.

Desde que nasceu, José sonhava em ser presidente.

Quando criança, estudou sociologia e história política, aprendeu tudo sobre Taylor, Engels e Marx. Tinha até seu preferido, Brecht.

Quando completou a maioridade, quis concorrer à vaga de vereador. Com um discurso empolgado, trazia as massas a si, e as manipulava como bem queria.

"Depois de ser eleito vereador, serei deputado, senador, e depois concorrerei à presidência" - pensava.

Conquistou diversos votos, sempre com a mesma promessa. Reformas, educação e saúde. Tinha mesmo intenção em cumpri-las, em melhorar a vida de seu povo.

Porém, no dia de sua inscrição nas eleições, descobriram um fato sobre sua vida que ele nunca revelara: José era uma arara. Estava lá, na sua identidade: a-r-a-r-a. Não podia negar o fato. A imprensa saberia de tudo em minutos, e ele precisava de uma saída rápida para manter sua reputação.

Cogitou tentar negar até suas forças esgotarem-se. Mas lembrou-se de seus ídolos, e sua formação ética não permitiria isso. Mas por Deus, ele era uma arara!

Decidiu, por fim, assumir seu lado arara. Colocou seu melhor terno, convocou uma coletiva, e abriu o jogo. Revelou todos os pormenores, contou a história de sua infância difícil, a mãe solteira que o criou com todo o carinho, mas com poucos recursos, o pai que resolveu pintar-se de verde e viver a vida como papagaio no Caribe, os irmãos que não chocaram... Contou também sobre sua verdadeira vocação, sobre sua história nas lutas sindicais - onde era um líder nato -, sobre seus anseios...

O discurso comoveu até o mais duro adversário político. Todos aplaudiram José. Mas um candidato rival, pressentindo a revolução a porvir, decidiu acabar com a vida política de José de vez:

"Mas olhem, ele é uma arara!" - Exclamou, disfarçado em meio à multidão.

Todos os olharem voltaram-se para José. Era clara a manifestação de desapontamento do povo diante daquele ser azul.

José, chorando copiosamente, decidiu então dar fim a sua carreira política. Lhe restava na vida apenas a vocação para convencer o povo. A vocação para a liderança, para a conversa sensata e eficiente. A vontade de ajudar que nunca morre.

No entanto, José hoje trabalha nas Casas Bahia, como auxiliar de vendedor. Sua vocação para convencer o povo restringe-se à venda de fogões e jogos de estofados. Sua vocação para a liderança resume-se em ser o primeiro na fila do cafezinho, às 15 horas. Sua conversa sensata e eficiente é aplicada para explicar ao consumidor como funciona o parcelamento em 24 vezes. E sua vontade de ajudar hoje não passa de uma frase, escrita nas costas de seu uniforme:

"Posso ser útil?"

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Pensamento da noite

"Se um médium psicografar Chico Xavier, será transcrita uma enorme microfonia em palavras..."
Huan Shui Shei

domingo, 13 de janeiro de 2008

E eu com isso?

Hoje o Paralelo não vai responder um meme que não é meme, proposto pelo Jotta, que até alguém prove o contrário, acreditamos ser o Jotta mesmo.

O meme que não é meme quer saber se colecionamos alguma coisa:



Lelo - Eu não gosto de colecionar coisas incomuns, prefiro as tradicionais, são mais fáceis de se encontrar. Ontem mesmo completei a coleção de políticos honestos (sim, agora eu detenho todos os três). Estão faltando só 2 pra completar a lista de cantores emo heterossexuais (tá bom, ainda não tenho nenhum :( ), e estou limpando minha coleção de teclas número 9 de telefones australianos, se alguém tiver alguma pra trocar, por favor entre em contato, eu tenho repetidas as nº 9, 9, 9, 9 e 9, e estou interessado nas de nº 9, 9 e 9.


Preco - Eu, como bom canceriano que sou, coleciono qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Desde figurinhas Ping Pong Pantanal, até pelos pubianos de ex-BBH (Big Brother Hungria). A minha mais nova coleção contempla ossos de frangos famosos - Chicken Little, Giselda, Marilu, Ginger... - (queria ter criatividade para fazer um trocadilho com a expressão "Colecionador de Ossos", mas o sono abate meu ser).


Du - Ah, eu tenho uma coleção de pilhas de tungstênio de todos os sabores (eu disse TODOS). Alguém aí topa trocar por uma TV digital de plasma, 42 polegadas? O frete fica por minha conta.

Nós não passaremos esse meme adiante pra não dar confiança.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Unamuno, o rei.

Miguel de Unamuno era um rei feliz, que vivia na europa do século XVII. Tinha três filhas, chamadas Prudência, Sabedoria e Constipação (a caçula).

Certo dua, Miguel encontrou em seu baú de tralhas velhas, em meio a gibis do Capitão Marvel e iô-iô's da Coca Cola, uma lâmpada.

Lembrou-se da magnífica história de Alladin, e do macaquinho Abu - tão divertidinho, com aquele chapeuzinho e aquele coletinho fofo... er.. Voltando: Lembrou-se também de todas as piadas de "três pessoas com nacionalidades diferentes perdidas em ilhas desertas, tendo que fazer um pedido cada uma".

Como era um rei benevolente, chamou suas três filhas ao porão do castelo, e pediu a cada uma delas que formulasse um pedido, para que o rei, ao esfregar a lâmpada, pudesse saber de antemão o que pediria (Unamuno detestava fazer coisas de improviso; certa vez haviam-no convidado a discursar no parlatório real, e Miguel, tímido, começou a suar, tirou um bigode postiço do bolso e cantou uma das músicas da nova coletânea do Queen, mais precisamente "A kind of magic", que causou desconforto na platéia, por se tratar da música da propaganda da Claro).

A primeira a chegar foi a filha do meio, Sabedoria. Ao ser questionada sobre o pedido, não tardou a formulá-lo:

"Papai, quero me casar com o Adriano, do São Paulo! Sou tarada naqueles coxões."

Miguel, ruborizado, bateu com a mão na testa, provavelmente pensando que a idéia dos pedidos teria sido um erro.

Prudência, a filha mais velha, chegou a tempo de retirar a faca da mão de Miguel, que avançava a passos rápidos contra Sabedoria. Ao ser questionada sobre o pedido, não tardou a formulá-lo:

"Papai, quero que minha irmã Sabedoria morra de uma forma terrível, para que eu possa me casar com o futuro viúvo Adriano, do São Paulo! Sou tarada naqueles coxões."

Miguel relaxou, pois teve certeza que tratava-se de mais uma daquelas pegadinhas do mallandro. Sorriu afetivamente, quando viu sua pequena Constipação vindo.

"Constipação, minha amada filha! Formule seu pedido!" - Bradou o bondoso rei.

"Papai, nada posso pedir. Tenho tudo que amo: Meu pai bondoso, minhas irmãs queridas e diversos pôsteres do Adriano espalhados pelo meu quarto!".

Miguel, num misto de raiva e ternura, fez um carinho em Sabedoria, jogando-a ao outro lado do porão. Pensou: "Guria burra, devia ter pedido alguma coisa".

Chegada a esperada hora, Miguel fechou os olhos, de frente para a lâmpada. Ofuscaria-se com o brilho do gênio. Sentou-se no chão, e começou a esfregar a lâmpada vagarosamente.

E tal foi o espanto de todos, ao ver que de dentro da lâmpada emergiu Tony Tornado, vestido de gênio.

Todos se abraçaram, formaram uma pequena roda, com Tornado ao meio, e dançaram em volta dele, emocionados. Até hoje, no castelo de Elvissa, pode-se escutar, às madrugadas frias de outono, os sussuros daquela família tão feliz:

"A gente corre.. (a gente corre) na BR-3 (na BR-3)
e a gente morre.. (a gente morre) na BR-3 (na BR-3)".

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O Legado do Epitáfio - The End

Marinalva, que caminhava sorrateiramente atrás de Juvêncio ( que ela agora descobrira nunca ter sido açougueiro mas sim, caminhoneiro), pensava: o que leva um homem a sair na rua com correntes grossas no pescoço, anéis, pulseiras, dente de ouro e uma das unhas do dedo mindinho enorme, à moda Zé do Caixão? Ele caminhava e sorria à esmo, com a segurança de quem venceu o último concurso de Mister Universo, olhando para todos os lados como se estivesse a procura de Wally. Tudo nele soava falso, inclusive aquele jeito de andar desengonçado e, sem sombra de dúvidas...err... rebelde!!!
Marinalva sentiu-se naquele exato instante, impelida a dar-lhe uns safanões, ali mesmo na rua. Ah, como seria bom encontrar forças suficientes para encará-lo e falar-lhe grandes verdades! Dizer-lhe que tudo na vida é passageiro, menos o motorista e o cobrador, portanto, se ele não se enquadrava em nenhuma das categorias, não tinha o direito de comer uva passa, porque essa sim, passava.
Era seu último dia entre nós, mas Maranalva ainda não sabia.
Bem que o Lelo a alertou (eu fui testemunha):
- Marinalva, eu te amo, mas lembre-se "NÃO OLHE PARA A LUZ!". Mas ela já não ouvia mais nada, inebriada com o delicioso cheiro de boldo que vinha da padaria do outro lado da rua, e no seu primeiro passo em direção ao destino cruel, Juvêncio a agarrou à revelia e tascou-lhe o maior beijão!
Era visto que o coração da coitadinha não aguentaria, virgem e casta como era.
E assim termina a triste história de Marinalva a feia, virgem, vingadora e safenada: O seu único e último minuto de glória, morta nos braços de seu amado - que não conseguia parar de vomitar aquele líquido verde, com aroma delicioso de boldo que vinha do outro lado da calçada.

E para aqueles que tem miopia com astigmatismo oclusivo, transcrevo aqui o epitáfio:

"Em vida, sua alma não conduzia os acontecimentos, ela foi regida pela mão misteriosa do destino ou por alguém que inquietantemente, mexeu os pauzinhos. A semente do futuro glorioso com que ela tanto sonhava, agora está plantada."

Não se enganem com plágios. É de Marinalva a frase que deixou um legado para o mundo:

"Algumas pessoas são sementes, outras são adubo."

A triste história de Tristão, o triângulo

Tristão, triste fim
O triângulo morreu
Tomando todas.

Um minuto de silêncio.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Resgate abaixo de zero

Uóchito era um cidadão pacato, trabalhador, empenhado em objetivos comuns, como comprar um Chevette 87 e construir uma churrasqueira de tijolhinhos envernizados em seu quintal (de terra). Era sábado e ao acordar, como de costume, abriu a geladeira em busca do seu café da manhã, normalmente uma latinha de Skol(alt+0174 [ou alt+169, também funciona]) ou Lokal(idem), depende das vendas do mês. Ele dirige-se calmamente, ainda sonolento em direção à geladeira, e ao abrir depara-se com aproximadamente uns 12, ou 10, quem sabe uns 15 pigmeus medindo aproximadamente 11cm, desses que vendem na uruguaiana por R$ 1,99. Uóchito espantado solta um brado confuso:

- Quem mexeu na minha skol???

Um pigmeu de estatura média, aparentando ser o líder, prontamente assume a frente do grupo (por isso disse que aparentava ser o líder), e faz alguns gestos estranhos, tirando de sua pequena valise um bigode post... Err.. não. Tirando de sua valiosa valise um cubo rubik, desses que vendem na uruguaiana por R$ 1,99, e oferece à Uóchito, que permanece imóvel, não querendo acreditar naquela situação:

- P%##a! Vou ter que ir no mercado de novo por causa de vocês!

Diante da inércia de Uóshito em relação ao pigseu, pignosso, não, pigteu, ai carai! Pigmeu! Pronto. Então. O pigmau senta e começa a proferir gestos estranhos novamente, e o que Uóshito vê certamente é único e inacreditável, ele ainda tentou filmar com seu Startac, mas lembrou-se de que o aparelho não tinha câmera. Até tinha, mas só fotografava, não filmava. Até filmava, mas era sem áudio e a resolução era péssima, o que o levou à desistir. Naquele momento ele não acreditava no que estava diante de seus olhos. O cubo rubik completamente resolvido, cor por cor, face por face, em apenas 35 segundos! Diante da superioridade dos pigmeus, Uóshito se rendeu, e permitiu que eles habitassem na geladeira em uma convivência pacífica por anos. Mas não durou muito tempo (eu falei anos né? então durou...), durou algum tempo sim, mas os habitantes daquela mórbida geladeira foram perecendo aos poucos, uns ainda conseguiram a reabilitação em constantes reuniões do A.A. mas outros não tiveram tanta sorte e acabaram morrendo congelados ou assados despercebidamente pelo incauto Uóchito, em sua churrasqueira de tijoliinhos envernizados, no seu quintal de ardósia resinada. Escorregadia por sinal.

Enquanto os outros dormem

Era um dia normal na China, no ano de 124 a. C. A dinastia Mung-Chu estava a todo vapor. Bem, a todo vapor não, o motor a vapor teria sido inventado alguns milênios depois.

Os antigos chineses viviam felizes, fazendo aquela carinha de chinês quando fica feliz (algo como "-_-"). É nesse contexto histórico que se inicia a história de Mano Zé, um pequeno garoto nascido nas terras onde hoje fica a zona leste de São Paulo. Sua mãe (a mãe de Mano Zé, não a sua) era uma linda mulata do Sargentelli, e seu pai era um turista alemão, de férias nas terras vindouramente descobertas por Cabral e seus Blue Caps. Mano Zé, no entanto, nunca conheceu seu pai, o que lhe rendeu diversas indagações sobre seu passado e presente.

Em busca de respostas, Mano Zé pegou a lotação que ia pro bairro da Liberdade, e acabou indo parar em Hung-Tsé, um pequeno vilarejo localizado às margens do rio Yang-Qo.
Utilizando de perspicácia e a malandragem típica de seu futuro povo, Mano Zé dirigiu-se a um pescador. Fitou-o nos olhos, inclinou levemente a cabeça, ergueu a mão direita e falou:

"Bom dia, honorável pescador. Entendes minha língua?"

Ao que o pescador respondeu, erguendo a sobrancelha:

"Colé, mano? Tamitirano? Fica ligado, truta, cê vai pra vala!"

Mano Zé sorriu, e acolheu o calor humano vindo daquele ser tão especial. Depois percebeu que o calor humano era originado do corpo do pescador, que o abraçava vigorosamente. Mano Zé sentiu a leve brisa do outono, o calor dos raios de Sol daquela manhã mágica, e o odor de peixe que o velho pescador exalava.

Sentiu-se em um comercial de Vinólia, ao escutar a Primavera de Vivaldi sendo tocada ao fundo. Aproveitou aquele clima gostoso e pediu um martini Bond Style (mexido, não batido). Ficou decepcionado quando descobriu que não haviam inventado a coqueteleira ainda. Limitou-se ao suco de laranja.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Hércules, o nematelminto


Às vezes, palavras nunca conseguirão ilustrar a força de um sentimento de verdade.

O leitor indignado e a celeuma

Abaixo, um comentário indignado de apenas um dos nossos mais de 3 leitores. A referida reprimenda veio do blog "blogando e andando", do digníssimo Sr. Aldir Gaspar dos S. Filho - leia os comentários no post "Os terríveis devoradores de peruca da Papua Nova Guiné" se quiserem entender os motivos da discórdia gerada e aplaudida com fervor pelos representantes do Paralelo. Inclusive, não posso deixar de informar que a Pitty canta "Pulsos" justamente por causa desse comentário, o qual transcrevo na íntegra:



"Caraca!pra todos....

Vocês não sabiam do meu complexo em relação ao tamanho e não podem mensurar as conseqüências desse comentário.O primeiro movimento involuntário foi olhar logo para baixo.O segundo movimento, já calculado, foi tirar a pedra de amolar do armário para afiar a navalha e faze-la deslizar gentilmente pelo meu pulso esquerdo, já que o direito está cicatrizando desde que o Lula foi reeleito. Mas não cicatriza, sangra. Como sangra meu coração.O terceiro foi procurar um nome curtinho, afinal Du não é tão grande assim. Uma amiga minha usava me apelidar dessa forma, dizia ela que era alemão: "Kiss to You". Depois mudou para simplificar para Kiss2U. Por fim, adaptando-se ao vocabulário da internet simplificou para KU. Eu pensei em sugerir esse nome curtinho,italiano como o sushi de banana que outra amiga querida minha está aprendendo num cursinho rápido de uma semana, onde ela prefere, disfarçadamente, meter a cara no saquê importado que o professor pensa que esconde.Desisti do KU! Acho que não soaria bem ouvir logo de cara> "Querido KU".

Assim sendo, como vivemos democraticamente numa baderna organizada, sugiro (que é o nome de um outro amigo meu japonês, comedor inveterado de feijão e lutador de sumô, que infelizmente não pratica mais, depois de ter sido banido do esporte acusado de dopping: os caras acharam que os gases provocados pelo feijão são num esporte de contato, um anabolizante), que os freqüentadores desse simpático espaço mandem sugestões para meu apelido.

Chega! Tenho coisas mais importantes pra fazer:

1) Tenho que descobrir porque o mundo tá essa eca depois da Legião

2) Procurar se tem pingüim no Alaska

3) Tenho que plantar a mandioca!

4) Descobrir porque o gaúcho usa tri-legal enquanto aqui no Rio a gente usa penta por causa do Mengão.

5) Procurar um padre, que não seja pedófilo,para confessar a matança de pinguins que acabei de cometer após tantas linhas escritas e horas do meu valioso sono desperdiçado!"

E então, meus companheiros correligionários, como solucionaremos essa celeuma... Qual o apelido que iremos sugerir para o Sr. Aldir Gaspar S. Filho?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os terríveis devoradores de peruca da Papua Nova Guiné

Haviam ancorado há pouco no  único aeroporto de Papua Nova Guiné, e por sorte tudo ocorrera conforme o previsto. Os atrasos foram suportáveis, suas barras de cereal estavam na temperatura adequada e tinham o sabor como descrito na embalagem (dobradinha com gorgonzola e feijoada ao molho curry). Aquela prometia ser a lua-de-mel perfeita, alguns dias distantes da civilização era tudo o que precisavam para recompor o relacionamento, em crise há 7 anos. Seu guia de viagem se chamava Adjamob Al Aba e apesar do nome, tinha feições nórdicas e a pele clara como um monitor de 19 polegadas quebrado. Adjam, como gostava de ser chamado, escutava uma música alta em seu celular, e ao ser indagado respondeu que era a nova coletânea do Queen, exibindo feliz um bigode postiço que tirara do bolso. O táxi os esperava na saída da estação, sua bagagem era apenas o essencial: uma garrafa térmica para chopp e um George Foreman Grill™. Seriam dias excelentes, eles tinham certeza. Já na chegada à choupana onde ficariam, foram recepcionados pelo prefeito da cidade e mulatas semi-nuas sambando. Achou estranho pois não estava no Rio de Janeiro, mas mesmo assim seu relógio havia desaparecido. Mas quem precisava de horas? Afinal, eles estavam na paradisíaca Papua. Qualquer hora era hora.
Já estavam preparados para sair quando se deram por conta de que haviam esquecido nada mais nada menos que o próprio filho, em casa.
- Oh, meu Deus!!! E agora???
- O que faremos querido?
- Não sei, se ao menos ele fosse o Macaulay Culkin, mas ele tá mais pra Bridget Jones!
- É verdade, aquele menino não tem jeito, eu te avisei, mas você não me escutou!
- O que há de mais no menino ser fã dos Rebeldes e do High School Musical, isso é puro preconceito!
Hum hum (onomatopéia de pigarro) interrompe o garçom panamenho.
- Hummm, isso são pretzels?
- Não senhor, são nachos.
- Nachos! Eu adoro nachos!
- Ai querido... Tô vendo que eu vou adorar nossas férias!

Disto restou a lição, que aprenderam da forma mais árdua. Não existe Mc Donalds na Papua Nova Guiné.

Adversidades cognitivas de um mundo nostálgico

Sem mais delongas, é impressionante como hoje temos figuras inóspitas em nosso meio. A perversão de alguns parece transpôr os limites do intranscindível, nos levando à uma reflexão profunda. Longe de mim ser perfunctório, mas antes ser uranofóbico do que perceber um vencimento que me é inerente. Embora até eu me considere um tanto seral, isso não me expurga das venéficies fleumáticas sucumbentes de nosso dia-a-dia, por isso não me contento com pouco.
Tão céleres foram as inócuas setas à mim lançadas, que saí incólume e triunfante, pois tinha certeza que taciturno teria mais méritos que deméritos, embora loquaz pereceria facilmente. Esse comportamento peculiar, talvez deva-se à uma educação espartana e porquanto facciosa, em sua eloquência (sem trema). É tácito que isso acaba nos fazendo beliciosos, dando espaço à uma visão cataclísmisca e anafilática, que pode soar como pejorativa à desavisados. Frugal não?

domingo, 6 de janeiro de 2008

A triste história de Marinalva, a virgem vingadora - parte 2

Marinalva permaneceu deitada e imóvel na beira do rio até o amanhecer, sentindo-se tão esquisita quanto uma nota de 50 reais. Ela mal podia acreditar no que havia acontecido e o bigode do polvo no seu ouvido não lhe saia do pensamento. Onde estaria Juvêncio afinal?
E estava assim, perdida em seus sentimentos contraditórios quando avistou atrás das árvores uma sunga muito justa, envolvendo um corpo de homem como ela nunca vira antes - nu, exceto pela sunga. Aquilo era a visão do paraíso prometido, então Marinalva recuperou-se rapidamente do choque e de Juvêncio, o açougueiro desaparecido.
Era um índio chinês que estava ali, e olhava para ela tão assustado que Marinalva chegou a sentir dó...
- Olá, venha cá... Venha, chegue mais perto, não tenha medo!
- .........................................
- Se você não vier até mim eu irei até você de qualquer jeito, então é melhor que venha AGORA!
- .........................................
Como Peri não se movia, Marinalva juntou sua vara de pescar e foi ao encontro dele, quase que flutuando, inebriada pela visão daquela sunga.
- Meu principezinho, você veio para me salvar? (disse essas palavras olhando fixamente para a sunga, salivando)
- ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha
Marinalva estava confusa, não entendia por que Ceci de repente deu aquela gargalhada... Tentou esticar suas mãos para tocar na sunga, mas Guarani a esta altura já estava rolando no chão, se contorcendo todo de tanto rir.
Marinalva então, furiosa, olhou em seus olhos com um ódio mortal e disse, com o dedo em riste:
- ESSA VERRUGA QUE VOCÊ TEM NO NARIZ É HORRÍVEL, JUPÍ! Upfffffffffffffff... Virou-se com toda altivez que lhe era peculiar e foi embora para sempre da vida de Juaci.
Guaraci, por sua vez, pegou o espelho imediatamente e pela primeira vez na vida percebeu a verrugona no nariz!
Marinalva estava vingada e Juvêncio nunca mais seria o mesmo depois daquilo.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Desventuras em série

Desciam duas senis mulheres de seus apartamentos de luxo, em Copacabana, quando foram interrompidas pelo alarme de incêndio do prédio. O elevador, que não é bobo nem nada, logo cessou suas atividades, o que gerou um certo desconforto nas velhinhas:

Clotilde: Mas que falta de respeito! Nós, duas senhoras puritanas, sendo sujeitas à essa situação desagradável!

Stephanny: Pois é! Um absurdo, ainda bem que eu trouxe meu MP5 player. Por falar nisso, você já ouviu o novo álbum do Queen (tirando um bigode postiço de dentro da bolsa)?

Clotilde: Queen? Ainda não, mas eu tenho aqui um vinil do Altemar Dutra, você gostaria?

Stephanny: Errr.. Melhor não, eu não tomei minhas pílulas hoje. Podíamos aproveitar e fazer poses sensuais para colocar no Orkut (tirando sua anágua)! Seria demais!

Clotilde: Parece uma boa idéia!

E o jovem tirou foto das duas senhoras, em poses sensuais, sem dentadura, uma loucura! Mas por volta das 17:35h o elevador voltou a funcionar.

Clotilde: Ahh.. Não me sinto tão jovem desde aquele show especial do Roberto Carlos em 2007.

Stephanny: É bom extravazar um pouco às vezes. Vamos lanchar no Habib's?

Clotilde: Vamos!

Como escapar do ataque de uma cobra do Himalaia em 6 etapas

Aqui vai um artigo que será de muita utilidade à todos, pois não necessariamente temos que estar no Himalaia para cruzar com uma cobra do Himalaia, aliás, é necessário uma pitada de perversão para cruzar com uma cobra do Himalaia, mas há quem goste. Você deve estar se perguntando, mas a cobra do Himalaia é tão perigosa assim? Em muitos casos seu ataque pode ser fatal, principalmente em dias de lua cheia, quando seu veneno é potencializado pelas marés, sendo capaz de derrubar um bezerro ou até mesmo o Padre Marcelo Rossi. Seu comportamento é atípico, e seu habitat pouco comum. Costuma se esconder em Shopping Centers nos desertos e escutar músicas da Ana Carolina (menos Ana Carolina e Seu Jorge, pois ela detesta racismo). Se algum dia você cruzar com uma cobra do Himalaia, só há uma forma de escapar dela:

1) Olhe fixamente em seus olhos

2) Dance a dança do siri de cabeça pra baixo (isso a deixará confusa)

3) Recite poesias de Drummond, mas com a voz do Cid Moreira (ainda de cabeça pra baixo e executando o passo anterior)

4) Conte um pouco da sua vida, fale de suas experiências, revele seus planos para o futuro

5) Se após esses procedimentos a cobra ainda permanecer à sua frente, experimente acordar, ou ainda parar de ler esse blog

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A triste história de Marinalva, a feia!

Marinalva tinha esse nome porque era feia. Se fosse bonita com certeza seria Nicole ou Júlia ou Sabrina. Ela não gostava de pintar nem de cantar, pra ela o bom mesmo seria namorar. Tanto fazia que fosse o padeiro, o pedreiro ou o açougueiro, desde que a levassem pra passear no shopping e tivessem coragem de andar de mãos dadas com ela.
Marinalva tinha ancas largas e para abraçá-la seria necessário muito mais que um abraço de braços longos, talvez um polvo gigante. Marinalva era cheia de carnes fartas, seus seios pareciam querer saltar da sua blusinha branca justinha e sair pedalando por aí sem rumo... era muita carne, por isso a sua preferência era pelo Juvêncio, o açougueiro tarado! Mas ó, que o destino não foi tão bom assim! Carne por carne, a tragédia anunciada foi concebida numa noite sem lua, totalmente iluminada pela escuridão do rio. E enquanto Marinalva sentia tudo aquilo que sempre sonhou (ai!), um bigode estranho de um beijo afobado na orelha (susto!) - Juvêncio não era homem de usar bigode, então Juvêncio não era Juvêncio! Seria o padeiro ou o pedreiro? As outras duas opções num universo de 3 homens predestinados à Marinalva. Qual deles mais se parecia com um polvo ou seria capaz de sair de um rio numa noite sem lua? Marinalva ficou imóvel a partir de então, intocada. E o polvo foi embora sem dormir.

Adelino, o breve

Uma manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Adelino deu por si na cama transformado num gigantesco inseto.

Olhou em volta, estranhou a enorme sensação de Déjà vu provocada por tudo aquilo. Com suas seis patas peludas e nojentas, dirigiu-se à biblioteca da casa de sua família, transformada há pouco em uma pensão.

Lá chegando, olhou as prateleiras empoeiradas, à procura de um livro pequeno e vermelho.

Após dois minutos e treze segundos, encontra o pequeno livro vermelho, com letras douradas num papel bonito. Chorou de emoção quando acabou de ler. Num cantinho rabiscado no verso, estava escrito: "Meu amor, eu confesso. Estou casando, mas o grande amor da minha vida é você".

Ao terminar de ler, deu-se conta de que sua vida havia se tornado uma paródia mal feita de "A metamorfose", de Kafka. Lembrou-se da horrível música dos anos 80, e do trocadilho horrível "vem kafka [cá ficar] comigo".

Tentou o suicídio, mas havia apenas um tubo de inseticida na casa toda. Ficou com vergonha de ir ao mercado comprar mais. Sob um estado de leve embriaguez, causado pelo veneno, fez um video tape dançando macarena e enviou à produção do Big Brother.

Foi rejeitado.

Um dia nada comum na vida de Jack Scrumbles

Tinha tudo para ser mais um dia comum na vida de Jack Scrumbles. Ele levantou como de hábito, às 11:47 da manhã, tomou seu café, comeu seu pão dormido com pasta de amendoim (sem gorduras trans, somente gorduras heteros, pois ele é macho) e foi para sua labuta diária. Seus porcos estavam gordos, o que indicava que a ceia este ano seria farta, mas havia algo de errado. A vaca ainda debilitada pela aplicação de silicone, produziu o dobro de leite, mugiu algumas canções da nova coletânea do Queen, e descansou após o almoço. Mas ainda assim algo parecia errado. Sua mãe lhe comprara um par de Havaianas falsificadas, da rua 25 de Abril, que lhe couberam perfeitamente, ele realmente estava precisando delas, e como eram confortáveis, nem se comparavam às sandálias Ipanema, aliás, o que elas têm de anatômicas? Não vejo Diferença© alguma! Errr... Mas logo ele constatou o que temia. Era uma trágica segunda feira! Poderia alcontecer-lhe algo de pior naquele dia? Claro, ele poderia ganhar um CD do Paulo Coelho ou um livro do Paulo Ricardo de amigo oculto, não necessariamente nessa ordem, mas isso nao vem ao caso. E foi assim que terminou, o nada comum dia de Jack Scrumbles, nosso herói imaginário.